Como Encontrei Minha Trajetória no Planejamento Urbano

Minha entrada na área de Urbanismo e Planejamento Urbano foi marcada por escolhas pragmáticas e descobertas ao longo do caminho. Iniciei o curso de Arquitetura e Urbanismo por dois motivos concretos: a conquista de uma bolsa integral pelo ProUni e a indicação de um teste vocacional que apontava afinidade com a área. Durante a graduação, obtive bons resultados acadêmicos, mas percebi que a arquitetura em si não despertava meu maior interesse

No entanto, foi no sétimo semestre que encontrei um foco. As disciplinas de Planejamento Urbano e Geoprocessamento me revelaram um universo interessante. Pela primeira vez, senti que havia encontrado uma área com a qual realmente me identificava. A possibilidade de enxergar a cidade como um organismo vivo, conectado e complexo, de analisar variáveis em mapas e pensar em soluções para o bem-estar coletivo, me motivou profundamente.

A partir dali, me apronfudei no mundo do Urbanismo. Tornei-me bolsista voluntária, escolhendo como tema de estudo as ciclovias e ajudando a formar um grupo de mobilidade urbana na graduação. Essa experiência me permitiu auxiliar minha orientadora na elaboração de mapas de áreas verdes e na realização de entrevistas em praças, contribuindo para sua dissertação.

Com essa experiência, decidi me dedicar ao mestrado. Elaborei meu projeto e fui aprovada na primeira tentativa no Programa de Pós-Graduação em Planejamento Urbano e Regional da UFRGS, na linha de Infraestrutura e Planejamento Urbano e Ambiental. Escolhi essa linha porque queria trabalhar com questões práticas, que contribuíssem de fato para melhorar as cidades e a vida das pessoas. Minha dissertação abordou ciclistas e parques urbanos em Porto Alegre, reforçando minha conexão com temas como mobilidade urbana, planejamento ambiental e geoprocessamento.

A jornada continuou no doutorado, com um desafio ainda maior: explorar questões amplas e aprofundar meu conhecimento para contribuir ainda mais para a construção de cidades melhores. A partir de uma demanda da cidade de Porto Alegre, desenvolvi minha tese sobre a integração entre transportes públicos coletivos e a micromobilidade, um tema emergente e pouco explorado.

A pandemia me forçou a adaptar a pesquisa, e uma palestra sobre ciclovias emergentes na América Latina me abriu os olhos para o potencial de estudo em cidades latino-americanas. Percebi que, muitas vezes, as pesquisas se concentram em exemplos europeus, negligenciando as soluções inovadoras e relevantes que já estão sendo implementadas em nosso contexto.

Hoje, olhando para trás, vejo que cada passo – mesmo os que pareciam acidentais – me levaram exatamente onde eu precisava estar. Como Jane Jacobs, que tanto admiro, aprendi que as cidades são feitas por pessoas, e é para elas que nosso trabalho deve servir.

Minha história mostra que às vezes não escolhemos nosso caminho – ele nos escolhe. E quando encontramos algo que dá sentido ao nosso esforço, que pode realmente melhorar a vida das pessoas, não há satisfação maior. É isso que me move todos os dias: a certeza de que, através do planejamento urbano, podemos construir cidades mais justas, humanas, sustentáveis e cheias de possibilidades.

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